A sociedade sergipana ficou estarrecida na última quarta-feira, 02, depois do discurso da deputada estadual Ana Lúcia na Assembleia Legislativa de Sergipe - ALESE. A deputada denunciou que ela e mais oito lideranças que vêm lutando em defesa das comunidades quilombolas, ribeirinhas e questões ambientais foram ameaçadas de morte.
“Eu trago para a tribuna desta Casa, e também comunico à direção desta Casa que não só eu, como oito companheiros que lutam em defesa da terra, dos quilombolas, dos direitos sociais, estamos recebendo ameaças de morte. Esta ameaça tem uma história longa no Baixo São Francisco e mostra o poder das elites de Sergipe”, denunciou a deputada.
Ana Lúcia afirmou que conta com todo apoio e aparato do Governo Estadual e Federal contra este tipo de intimidação. “Um fazendeiro disse para membros do Ministério Público Federal que, se não resolvesse esta questão das terras quilombolas, haveria derramamento de sangue. Nós não vamos aceitar isto porque este governo veio pra buscar justiça social, para assegurar o direito de cidadania, para trazer cidadania a estes quilombolas”, resumiu.
Em solidariedade ao pronunciamento da deputada, membros da direção executiva do SINTESE e coordenação das sub-sedes e professores compareceram a ALESE, além do superintendente do Ministério da Pesca, padre Anselmo e militantes de sua paróquia, além de moradores da comunidade de Brejão dos Negros, localizada no município de Brejo Grande.
“Não se pode admitir que em um Estado democrático de direito tais comportamentos ainda persistam, principalmente por parte de uma elite que vê a questão da terra como sua propriedade, uma elite historicamente acostumada a impunidade, a usar a força da pistolagem, da imposição para manter o status quo”, afirmou Ângela Melo, presidenta do SINTESE.
A direção do SINTESE se solidariza com a deputada e também com as oito lideranças ameaçadas e espera que as autoridades competentes tomem as medidas cabíveis para o que problema possa ser solucionado de forma rápida, pois vidas humanas estão sendo ameaçadas, são homens e mulheres que lutam por justiça social.
Ana Lúcia é ex-presidenta do SINTESE, ex-dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE e também ex-dirigente da CUT-SE.
Com mais de 30 anos de luta junto ao movimento social, é a primeira vez que a deputada é ameaçada de morte. “A luta quilombola é muito mais difícil, porque você não está trazendo as pessoas que estão de outra localidade para trabalhar nas terras ocupadas. A luta dos quilombolas é no lugar onde eles nasceram e se criaram e contra quem se apropriou de suas terras”, enfatiza a deputada.
Em matéria publicada nesta quinta, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que já definiu estratégias da Secretaria da Segurança Pública (SSP) para continuar acompanhando denúncias acerca de ameaças de morte contra a deputada Ana Lúcia. O secretário João Eloy determinou investigação rápida e criteriosa sobre o assunto e continua colocando toda a estrutura da Dipol à disposição das investigações.
FONTE: sintese.org.br